Monólogos inanimados III

                                            Nounouse, posso te contar um segredo?

                                            Eu voltei a ser menina!

                                            É, mas eu to com medo...

                                            Não sei até quando vai durar.

Sobre linhas

Mas foi de puxar um fio

é que toda a blusa se desfez.

Ela até pode tentar recosturar.

Mas a verdade é que,

nunca mais vai ser a mesma blusa.

Esperança

É que, por também ser planta,

esqueceu-se que existia

quando lhe arrancaram pela raiz.

Mas vai se espalhar pelo vento.

Vai nascer de novo, vai sim.

A época da chuva vem vindo.

Monólogos inanimados II

Juscelino, pare de me olhar

com esses olhos de piedade

que assim você não me ajuda.

U_U

Monólogos inanimados I

                                  Nounouse, eu quero voltar a ser menina.

                                  Não, mas não por fora...

                                  - Por dentro mesmo.

Da cicatriz

O corte no meu dedo fechou.

E não foi colágeno, nem epitélio;

Foi o tempo quem curou.

- Faço propaganda: O Tempo é o melhor curativo que existe.

Do contra

Teve sorte em nascer canhota:

Com a mão que escreve sendo tão perto do coração,

Escrevia as coisas com muito mais sentimento.

Sobre a reforma

Andou culpando a reforma ortográfica

Pela sua infelicidade.

Afinal, agora não podia mais fazer a carinha sorrindo

Em todos os “U” que escrevia. :(

Sobre o só

Passava o dia todo com a TV ligada:

Era bom ter alguém falando em casa de vez em quando...

- Achava que, desta maneira, podia enganar a solidão.

...Sobre o passivo

Tinha tudo para se revoltar contra a vida;

Mas como se revoltar dava muito trabalho,

preferiu deixar por isso mesmo.

- Antes de revolucionário, sempre fora preguiçoso...