quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crônicas do Cotidiano (I)



Uma vez alguém me disse: "Você é o que você come."


Sabe o que eu detesto? Eu detesto gente saudável. É. Principalmente quando são lindas e saudáveis. Elas fazem com que eu me sinta a pior das criaturas.

Fila do caixa rápido no supermercado. Na minha frente, uma loira linda com cabelos compridos, muito lisos e um corpo perfeito dentro de uma roupa de ginástica. Não pude conter a curiosidade de espreitar o que ela carregava na cestinha: inúmeras barras de cereal, copinhos de iogurte diet, alguns pacotes de biscoito e pão integral, um pote de ricota.

E aí então eu me vejo, universitária falida, mochila em um dos ombros, cabelo em nó, olheiras profundas das noites viradas na semana de provas, chinelo de dedo, a primeira roupa que eu vi no armário, agora já suada, pois passei o dia todo com ela, e na minha cestinha alguns pacotes de macarrão instantâneo, café (muito pó de café!), carne moída, pão francês, lasanha congelada e uma barra de chocolate (afinal, ninguém é de ferro).

E como eu me sinto? Na hora, um lixo. Vejo a loura bonita entrar no carro e sair pela rua, enquanto eu divido os braços entre livros e sacolas de compras.

Mas aí eu chego em casa. Guardo as coisas na geladeira. Dou comida para o gato. Tomo um banho. Ponho um pijama folgado. Ponho a lasanha no forno e sento na frente do computador, stalkeio as redes sociais alheias. Lasanha pronta, me delicio no jantar. De sobremesa, alguns quadrados do meu chocolate preferido.

E então deito na cama, penso na cena de mais cedo. Do que é que estou reclamando, afinal? Essa é a vida que eu escolhi. Sou universitária, este sempre foi o meu sonho. Como besteira, por que besteiras são deliciosas, e não há nada que eu ame mais nessa vida do que uma boa comida gostosa depois de uma semana de exaustão. Uso chinelo por que é confortável, e os livros são pesados, mas são eles que me fornecem o conhecimento que um dia me servirá na profissão que escolhi. E eu sou sedentária; sou mesmo, já não basta a correria do dia-a-dia, levantar cedo, passar o dia todo na faculdade. Chego em casa e quero deitar mesmo, quero dormir mesmo, quero descansar mesmo! E quer saber? Minha barriga não tem os quadradinhos da loura malhada, mas meu chocolate também tem quadradinhos e, cá pra nós, eu prefiro mil vezes os quadradinhos do chocolate, rs.

Minha vida é boa por que eu faço o que quero e quando quero. É isso que me faz feliz.

2 comentários:

  1. Caramba! Taí um texto perfeito!
    Embora, eu queria ser uma mistura de vc com a loira, ou seja, ter o que fazer (sou desempregada e não estou estudando - ainda) e ser sarada! hahaha

    Mto bom seu blog! Abs.

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  2. >.< ai, que fofo este texto, Fer!!!!
    POis então, o que mais vale é isso, não é? Tudo de bom depois de um dia exaustivo, claro que eu já quis ser como a loira, hoje prefiro ser você!!!
    bjOus

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